Um Ano Sabático – Um Pontinho Azul

Atacama, um lugar especial na bola azul, Parte II

Dia 4 – Geisers del Tatio

Esqueça aquele vinho na hora do jantar. Você até pode tomar uma tacinha, mas lembre-se que o álcool ingerido nas altas altitudes sobe mais rápido… E no dia seguinte… Bom, talvez você se arrependa quando interfonarem para o seu quarto às 3h45, 4h da manhã, avisando que o carro para o passeio nos Geisers aguarda na recepção. E faz frio. Talvez muito frio. Está escuro ainda, você tem aquela sensação de quem acabou de deitar na cama, pegou no sono… e já tem que levantar. Coragem e equipamentos são fundamentais nesse dia: chá de coca e bons agasalhos (incluindo gorro, luvas e meias quentes).

Como é noite ainda (ao menos para mim) e você está no deserto, você não enxerga nada, não tem uma luz; a não ser as dos faróis do carro e dos celulares, que alguém vez ou outra resolve olhar sei lá pra que, nem foto dá para tirar. A estrada não é das melhores, cheia de curvas, e o guia avisa “melhor não dormir por conta da altitude”. São 3.500m. Melhor também não comer. E manter a respiração tranquila. Ok ok… Ooommmmm… Quase duas horas depois de sacolejar na estrada, já no parque dos geisers, entre 5h30 e 6 da manhã será servido seu café da manhã. Está escuro ainda. E frio. Depois disso é caminhar para os geisers para assistir ao show: o dia está nascendo, o céu começa a ficar azul e a água brota do chão em jatos que variam de 1 a 4 metros. A fumaça começa a se misturar com as nuvens, com o azul escuro do céu… E esse é mais um cenário lindo e totalmente diferente do que você viu até então no Atacama. Vale cada minuto que você não dormiu.

Os mais animados podem levar roupa de banho e toalhas para aproveitar a piscina natural, quentinha. Tem vestiário para meninos e meninas. Passei essa parte. Acho que prefiro as águas geladas.

Eu gostei bastante dos Geisers del Tatio, mas confesso, gostei mais do passeio que fizemos na volta. Nesse dia, eu estava em um grupo menor de chilenas/os muito simpáticos. Éramos 8. O guia, também chileno, fez um upgrade, esticou um pouco nosso passeio e nos levou por uma estrada onde pudemos parar para ver um pouco mais da fauna e da flora atacamenha. Foi sensacional. Fechamos esse passeio no autêntico vilarejo de Machuca, onde “tem-que-provar” os deliciosos pastéis feitos por uma senhora que está lá desde sempre. Deliciosos.


Dia 5 – Salar de Tara

Se existe um lugar no Atacama que você não pode deixar de ir é o Salar de Tara. Maravilhoso. Sensacional. *xxxx*  (censurada aqui a palavra).

Poucas agências vão até lá, eu sugiro a Grado 10 e a Maxim’s. Eu fui com a Maxim’s mas conheço quem foi com a Grado 10 e aprovou.

Prepare-se para acordar cedo de novo e passar o dia na estrada. E para ir ao Salar é necessário vencer novos desafios da altitude – o Salar está a 4.500-4.800m, mas durante o trajeto, chega-se a 5.200m, mesma altitude do Mont Blanc. Dá-lhe chá de coca.

Para mim, o Salar de Tara foi o lugar mais incrível em que eu estive do Atacama, e na minha vida até agora, ou talvez, lado a lado com Santorini e o Vale do Pati, na Chapada Diamantina.

A viagem até o Salar é longa, e por isso, para-se várias vezes para as fotos, para o lanche e para um pipi básico e selvagem – não há banheiros na estrada e nem no parque. O pipi é atrás da pedra mesmo e tem que avisar, estou indo. Meninos para um lado e meninas para o outro, e por lado, leia-se, uma pedra de um lado, outra pedra do outro lado. Fui com um grupo muito bem humorado e todos encararam esse momento com naturalidade.

Depois de passar por vários lugares lindos, finalmente, chegamos em um lugar que parece um canion e depois de caminhar um pouco… a verdadeira reserva de flamingos! São muitos. Milhares talvez. Depende do dia. Mas eles estão mais distantes porque essa é uma área protegida (embora de fato não seja, porque não existe um posto de atendimento e o abrigo está abandonado, infelizmente). Não dá pra descrever. Deixo as fotos fazerem essa parte, e ainda assim, acho que elas não ilustram a grandeza e a beleza desse lugar. Montamos nosso pic-nic para o almoço próxima à laguna e ficamos lá um tempo contemplando.

Detalhe, esse foi um dia que passei um apuro com as fotos. Esqueci de fazer back up da camêra e tive que ficar apagando analisando e apagando fotos que não estavam tão boas de repente… Idem no celular. E num dado momento… As duas baterias estavam dando adeus pra mim. Tive que ficar no stress de administrar isso para não perder fotos. Logo menos publicarei aqui um post de Dicas, Updates e notas de viagem para o Atacama.


Dia 6 – Vale do Arco-Íris

Meu último passeio pelo Atacama. Poderia ter escolhido outros mas acabei achando esse mais interessante. Outra paisagem que difere entre tantas outras do Deserto. O silêncio impera no Vale. As formações se assemelham a grande rochas mas são e têm um aspecto de barro… Elas assumem cores diferentes conforme os metais e/ou minerais. Para chegar lá você passa por um pequeno rio que atravessa um povoado. Acho que foi o lugar mais verde que vi no Atacama. As pessoas que moram lá inclusive se servem de algumas pequenas plantações. Uma aura meio Shangri-la.

Dia 7 – Comprinhas e retorno

Retornaria à tarde para Santiago do Chile e passaria a noite lá. Depois, São Paulo! Aproveitei essa manhã para tomar meu café da manhã tranquila e fazer umas comprinhas na Caracoles – mimos para família e duas pulseiras que me apaixonei. Tudo de bom gosto, feito por gente do Atacama e com matéria-prima do Atacama. E se eu pudesse carregar cada grão da “energia” daquele lugar…

Foi então que recebi um email (ou SMS?!) avisando que meu voo estava cancelado. Oi?! Como assim?! Ok eu não teria nenhum problema em ficar mais uns dias no Atacama. Logo pensei em aproveitar, me preparar e subir o Licancabur ou seguir para o Salar de Uyuni na Bolívia. Se minha volta atrasasse um dia, eu teria tempo para mudar de planos. Mas tive apenas algumas horas de atraso.

Me despedi do Atacama com muitos planos e ideias para realizar, e com a “promessa” de voltar para subir o Licancabur.