The Veggie Voice

Alana Rox é conhecida nas redes sociais como The Veggie Voice, com perfis sempre atualizados com ótimas dicas de culinária e estilo de vida vegano — ou seja, sem nenhum “produto” de origem animal (acompanhe a Alana aqui e aqui). Suas receitas ajudam quem está começando a pensar na comida com mais criatividade e informação, fazendo combinações e trocas inteligentes.

A alimentação é também um ato político, que envolve muitas etapas antes e depois de nosso prato chegar à mesa. Mas uma tradição extremamente ligada à indústria da pecuária é muito forte no mundo e também em nosso país, sem que haja uma discussão séria a respeito de seu impacto ambiental negativo (sobre isso, recomendo o documentário “Cownspiracy“, disponível no Netflx, que faz denúncias importantes) — para não mencionar outras questões éticas.

A informação confiável circula com dificuldade, reforçando crenças antigas e perpetuando equívocos. Por isso, o veganismo ainda é cercado de mitos e preconceitos. Mas, felizmente, cada vez cresce mais e mais o número de pessoas que estão despertando como cidadãos e se abrindo para novas possibilidades de se alimentar de maneira mais consciente — e não por isso menos deliciosa.

“Nasci vegetariana numa família que não era. Desde nenê, não aceitava nada animal nas papinhas. Não sei dizer por que nasci assim. Sei dizer por que continuo e fui muito mais além”, conta Alana.

Conversamos com ela para saber um pouco mais sobre sua história inspiradora, olha só:


Como aconteceu o despertar para o veganismo? O que acendeu a faísca dessa transformação para você?
Por falta de informação, eu comia muito errado achando que fazia o certo saudável. Procurava médicos para que me orientassem e eles sabiam ainda menos do que eu. E eu tinha muitos problemas de saúde. Sofria de enxaquecas, muitas alergias, ficava doente toda hora, tinha todas as inflamações de garganta, esôfago, etc.  E tive por muito tempo algo muito pior que isso tudo junto: transtorno de ansiedade e síndrome do pânico. Não era por falta da carne, mas porque estava sempre consumindo muitos inflamatórios (como derivados do leite e outros alimentos), logo minha imunidade estava sempre baixa. Há 20 anos, minha mãe teve 3 AVC gravíssimos. Fiquei muito preocupada com meu destino genético familiar. Resolvi então mudar minha história e comecei a estudar profundamente a fisiologia do organismo humano, a química natural dos alimentos e também nutrologia. Quando mudei para São Paulo há 11 anos comecei a aplicar na prática tudo que sabia na teoria e fui me libertando de todo e qualquer inflamatório: parei queijos, leites, alimentos ultra processados, etc. Comecei a me alimentar exclusivamente do que vinha da terra. E fui desenvolvendo a minha culinária plant-based. Foi aí que aconteceu o despertar para com a realidade da situação dos animais na indústria de latícinios, o sofrimento, a tortura. Tornando-me vegana, minha vida mudou em níveis antes inimagináveis.


Quais são os maiores desafios ainda precisamos vencer em relação à alimentação vegana?
A falta de informação. As pessoas não conhecem o próprio organismo, nem os alimentos que ingerem. É preciso se reinventar, esquecer o que foi ensinado de forma equivocada, é preciso despertar e ter consciência da manipulação da indústria alimentícia e farmacêutica. Não precisamos para isso abrir mão do prazer de comer, ao contrário. Precisamos apenas enxergar novas possibilidades, transformar a nossa relação com a comida.


Quais outros sites, livros, perfis no Instagram você recomendaria para quem quer se informar melhor sobre o veganismo?
Para quem está começando, os livros do Dr. Eric Slywitch [médico nútrologo com mestrado pela Universidade Federal Paulista de Medicina, sério pesquisador e estudioso da alimentação vegetariana e autor de diversos artigos que são referência] são bem esclarecedores. Faço parte do movimento Mulheres Veganas (acompanhe o perfil no Instagram aqui), que passa muita informação relevante e atual. Aconselho o site da Sociedade Vegetariana Brasileira, o Escolha Veg e também os perfis do projeto 21 Dias Sem Carne e do Veggo. 


Para quem precisa/quer comer fora de casa, quais são seus restaurantes favoritos em São Paulo com boas opções veganas?
A dica é sair de casa sempre prevenido. No mínimo ter sempre um lanchinho na bolsa para não passar aperto. Levo marmitas por onde vou. Em SP, gosto muito de jantar no Banana Verde (Vila Madalena), almoçar no Barão Natural (unidades em Pinheiros, Tatuapé e Centro), tomar sorvete na Stuzzi (Pinheiros e Campo Belo), fazer lanchinhos no Biozone (Vila Madalena) ou no Maoz (região da Paulista). Almoço bem também no Goshala (Pinheiros), no Taste and See (Vila Olímpia), no Broto de Primavera (Liberdade) e no Alternativa Casa do Natural (Vila Madalena). 

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Para quem quer aprender receitas veganas e deliciosas, Alana escolheu 10 das suas favoritas para compartilhar aqui. Ela também dá workshops de culinária saudável pelo Brasil. Acompanhe sua agenda em seu perfil no Instagram: @theveggievoice