A evolução ambulante chamada Tulipa Ruiz

Se em 2015, Dancê dava o ar da graça de um jeito pop e dançante, Tu, novo disco da Tulipa Ruiz, vem para acalmar a alma. Lançado na sexta-feira (10), o trabalho mais recente da cantora brasileira conta, como sempre com a parceria com seu irmão, Gustavo Ruiz, e com a participação especial do baterista e percussionista francês Stephane San Juan (ele tem no currículo nomes como  Adriana Calcanhotto, Orquestra Imperial, Zélia Duncan, Erasmo Carlos, Caetano Veloso e Jorge Mautner), que contribuiu muito para uma pegada rítmica diferenciada.

Apesar de ser gravado em Nova York, onde a megalópole costuma influenciar os compositores com sua efervescência, Tu é simplicidade pura. As nove faixas trazem poucos elementos musicais ao lado da voz inconfundível e cheia de personalidade de Tulipa. “Um violão, uma voz e algumas poucas percussões. Este é o conceito do disco. Sobretudo em um momento onde a tecnologia nos dispersa e a overdose de informação nos sobrecarrega, quis fazer um disco mais íntimo, mais próximo, mais cru”, contou a compositora, em um comunicado.

Entre as minhas faixas preferidas estão Desinibida, Dois Cafés e Pólen, que são aquelas canções que você coloca na playlist para abrir um sorriso imenso. É como se em cada uma delas, a cantora trouxesse a perfeita descrição de um dia de tarde na varanda, um café na cabeceira e um bom livro na rede. As influências latinas, principalmente nas percussões, se misturam à Bossa deliciosa das letras e das melodias do violão e criam um disco primoroso, como todos que Tulipa faz!

O que eu achei mais legal foi a mudança brusca de um disco para outro. Dancê usava todo o aparato metálico, baixo, vozes… e agora, três elementos já criam uma musicalidade toda nova. Essa é a liberdade que um artista precisa ter consigo mesmo, de poder mudar de cara, som, visual quantas vezes quiser. É manter a essência, mas pintar em outras formas, tecidos e épocas. Incrível, Tulipa!

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